Tânia Pereira Lourenço, R. L.

Advocacia de Confiança.

O que NÃO fazer com nossos filhos quando existe um litígio em Tribunal entre os pais?​

No intuito de acautelar o superior interesse das crianças, recai sobre os pais a responsabilidade primordial de assegurar o bem-estar físico, psicológico e emocional dos filhos, princípio este consagrado tanto na legislação nacional quanto em convenções internacionais, como a Convenção sobre os Direitos da Criança, ratificada por Portugal. O dever parental de garantir a proteção e desenvolvimento saudável da criança é amplamente reconhecido no artigo 1878.º do Código Civil Português, que estabelece que os pais têm o dever de cuidar, sustentar, educar e representar os seus filhos menores. Neste contexto, é crucial que os progenitores compreendam a relevância de zelar não apenas pelas necessidades materiais dos seus filhos, mas também pela sua estabilidade emocional e psíquica.

Os processos em tribunal, sobretudo em matéria de regulação das responsabilidades parentais, divórcios ou separações, podem ser extremamente desgastantes e emocionalmente intensos. As disputas judiciais, se não forem conduzidas com o devido cuidado, podem exacerbar conflitos entre os progenitores e, em última análise, afetar negativamente a criança. O princípio do superior interesse da criança, tal como previsto no artigo 1905.º do Código Civil e reforçado pelo artigo 3.º da Convenção sobre os Direitos da Criança, deve orientar todas as decisões relativas à criança, incluindo aquelas proferidas por tribunais em processos de regulação do exercício das responsabilidades parentais.

É essencial que os pais se recordem, ao longo de todo o processo judicial, que o litígio entre eles não deverá, em circunstância alguma, envolver a criança. A criança deve ser preservada de quaisquer discussões ou conflitos entre os progenitores, devendo sentir-se amada e protegida por ambos os lados. A jurisprudência tem vindo a consolidar o entendimento de que a instrumentalização das crianças em processos de litígio parental constitui uma grave violação dos seus direitos fundamentais, comprometendo o seu desenvolvimento emocional e comprometendo a relação afetiva com ambos os progenitores.

Inúmeros são os casos, na prática jurídica, em que se verifica que um dos progenitores influencia negativamente a criança, de forma consciente ou inconsciente, com o objetivo de denegrir a imagem do outro progenitor. Este fenómeno, muitas vezes designado como alienação parental, é extremamente prejudicial ao desenvolvimento emocional da criança. A alienação parental ocorre quando um progenitor, movido por sentimentos de retaliação ou vingança, transmite mensagens depreciativas à criança sobre o outro progenitor, fabrica histórias falsas ou exagera situações com o intuito de manipular a perceção da criança. Este comportamento, além de eticamente condenável, pode ser qualificado juridicamente como um abuso emocional e psicológico da criança, tendo repercussões diretas na regulação das responsabilidades parentais.

Quando um dos progenitores adota este tipo de comportamento, está a colocar o(a) filho(a) numa posição que não lhe cabe, ao arrastá-lo(a) para um conflito que não é seu, e, acima de tudo, está a causar danos emocionais profundos, que poderão perdurar ao longo de toda a vida da criança. A literatura psicológica é clara em demonstrar que as crianças submetidas a este tipo de manipulação parental sofrem de problemas emocionais significativos, como ansiedade, depressão, distúrbios de comportamento e dificuldades nas suas relações interpessoais futuras. Neste sentido, os tribunais têm o dever de atuar de forma célere e eficaz na proteção da criança, adotando medidas que visem minimizar o impacto negativo de tais situações, podendo até ser considerada a limitação ou a suspensão do exercício das responsabilidades parentais do progenitor alienante, nos termos do artigo 1915.º do Código Civil.

De acordo com o princípio do superior interesse da criança, tal como consagrado no ordenamento jurídico português, é imperativo que as decisões relativas à regulação das responsabilidades parentais sejam tomadas com base em critérios que coloquem o bem-estar da criança acima de qualquer outro interesse. Os tribunais devem, em todas as circunstâncias, garantir que a criança mantenha uma relação saudável e contínua com ambos os progenitores, salvo nos casos em que tal se revele prejudicial ao seu desenvolvimento.

Em última análise, a defesa do superior interesse da criança não é apenas uma questão individual, mas sim uma questão de interesse público. As crianças de hoje são os cidadãos de amanhã, e assegurar o seu desenvolvimento saudável é uma forma de garantir uma sociedade mais justa, equitativa e harmoniosa. O direito da criança a ser protegida de conflitos parentais é uma expressão direta da proteção dos seus direitos fundamentais, sendo o seu superior interesse a pedra angular de todo o sistema de Direito da Família. Desta forma, é essencial que os progenitores, advogados, magistrados e todas as partes envolvidas num processo judicial tenham sempre presente que a criança é uma entidade independente, cujo bem-estar deve ser preservado acima de qualquer conflito ou ressentimento entre os pais.

Sobre Tânia Pereira Lourenço

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Sobre a Advogada Tânia Pereira Lourenço

A Dra. Tânia Pereira Lourenço é uma advogada com mais de uma década de experiência, licenciada pela universidade do Minho, com diploma superior em Língua Francesa e com pós-graduação em direito da União Europeia. Demonstrou desde tenra idade uma paixão pela defesa dos direitos individuais e pela busca da justiça. É reconhecida não apenas pelo seu profissionalismo, mas também pela sua capacidade de compreender as necessidades individuais de cada cliente e oferecer soluções jurídicas personalizadas. A sua ética de trabalho exemplar e a sua integridade são valores fundamentais que orientam sua prática jurídica diária. Atua nas áreas de Direito da Família e Menores, Direito das Sucessões, Direito Penal e Civil, Direito Migratório e investimentos em Portugal. O escritório disponibiliza ainda de um serviço de tradução de documentos legais e outros, atuando em diversas línguas, a saber, o Português, o Francês, o Espanhol e o Inglês. Para além de sua atuação profissional, a Dra. Tânia Pereira Lourenço é uma defensora fervorosa da justiça social, envolvendo-se em diversas iniciativas comunitárias e de voluntariado. A Sua dedicação ao serviço público e ao bem-estar da comunidade reflete o seu compromisso com os princípios fundamentais da justiça e da equidade.

Como posso ajudar?

Conheça as áreas de atuação:

Direito das Famílias

  • Divórcios e Separações: Acompanhamento em todos os trâmites legais, buscando sempre a melhor solução para ambas as partes.
  • Regulação do Poder Paternal: Assistência na definição de responsabilidades parentais, sempre com foco no bem-estar das crianças.
  • Adoções: Orientação e suporte jurídico em processos de adoção, assegurando que todos os requisitos legais sejam cumpridos.

Direito das Sucessões

  • Planeamento e resolução de questões sucessórias com competência e empatia.

  • Testamentos e Planeamento Sucessório: Consultoria na elaboração de testamentos e planos sucessórios, de forma a evitar futuros litígios.
  • Processos de Herança: Acompanhamento e mediação em processos de inventário e partilha de heranças, visando soluções justas e equitativas.

Direito das Crianças

  • Defesa dos Direitos das Crianças: Representação em casos de negligência, abuso ou quaisquer situações que coloquem em risco o bem-estar infantil.
  • Acompanhamento de Processos Tutelares: Assistência em processos de tutela e guarda.
  • Direitos Educacionais e de Saúde: Apoio jurídico em questões relacionadas com o direito à educação e à saúde, assegurando o acesso dos menores a serviços essenciais.

Investimentos em Portugal

  • Consultoria em Investimentos Imobiliários: Assistência jurídica completa em processos de compra e venda de imóveis.
  • Apoio a Investidores Estrangeiros: Orientação sobre as melhores práticas e requisitos legais para investimentos em Portugal.
  • Planeamento Fiscal: Consultoria sobre as obrigações fiscais e como otimizar a carga tributária em investimentos.

Direito Civil

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  • Direitos da Personalidade: Defesa dos direitos fundamentais de cada indivíduo, incluindo a proteção da honra, privacidade e imagem.
  • Direito dos Consumidores: Defesa dos direitos dos consumidores em litígios com empresas ou prestadores de serviços.

Processo Penal

  • Defesa Penal: Representação em todas as fases do processo penal, desde o inquérito policial até ao julgamento.
  • Apoio a Vítimas de Crime: Representação de vítimas de crimes em processos penais.
  • Recursos e Revisões de Sentença: Acompanhamento na interposição de recursos para tribunais superiores ou pedidos de revisão de sentenças.

Direito Migratório

  • Vistos de Residência e Trabalho: Aconselhamento e preparação de toda a documentação necessária para obtenção de vistos de residência.
  • Autorização de Residência: Apoio em processos de obtenção e renovação de autorizações de residência temporária ou permanente.
  • Golden Visa: Assessoria completa a investidores estrangeiros que desejam obter o Golden Visa em Portugal.

Investimentos em Portugal

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